Foi explorada a ideia de que a cidade, ou seja, o espaço onde se desenrola qualquer argumento, tem um papel fundamental na sequência total de um filme. Fundamental para o desenvolvimento dessa ideia, foi a análise de filmes como:
“O Gabinete do Dr. Caligari” (Robert Wiene, 1919);
“Berlim, Sinfonia de Uma Capital” (W. Ruttmann, 1927)
“Os Inúteis” (Federico Fellini, 1953).
Na verdade, todo o indivíduo terá tido a experiência de assistir a um filme e, através dele, ser magicamente transportado para o local onde se está a passar a acção. Desta forma, com o poder da imaginação, o espectador vivencía o que cada personagem vive e sente. Considerando que, através do olhar, a imaginação é estimulada, o cinema torna-se numa verdadeira “arte de mostrar”, em que a sociedade se revela nesse grande espelho que é a tela.
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra durante a primeira metade do século XVIII, foi um dos passos marcantes para o desenvolvimento económico, político e social do mundo em geral, e para o crescimento das cidades, em particular. A partir de invenções como a máquina de vapor, as sociedades inauguram a experiência de um novo paradigma vivencial, que pode ser denominado como uma forma modernista de viver. No domínio do cinema, a entrada desse paradigma modernista, tem nos cineastas Lumière e Méliès dois dos vultos mais marcantes que influenciaram a forma como a arte do cinema dá os seus contributos para esse paradigma sócio-económico mais vasto. As suas influências tornam-se indeléveis.
Desde então, cada realizador, enquanto participante activo nesta nova ordem mundial, reflecte na tela a sua realidade, a sua visão do mundo, que não é mais do que a sua visão pessoal (incluindo as suas emoções, sentimentos e ideologias) acerca do que se está a passar no mundo. Esta forma de arte, a que se chama cinema, não é, afinal, outra coisa, senão um testemunho histórico, vivencial e artístico, é certo, mas ainda assim, testemunho das transformações a que vai assistindo ao seu redor e que constitui o objecto primordial do seu trabalho, da sua arte: as obras cinematográficas.
Um filme é, então, para além do entretenimento, um testemunho histórico (a que se poderá chamar documento vivencial) da realidade que vive (o realizador enquanto actor) e que transforma em arte (a obra cinematográfica). De certa forma, então, compreender uma obra cinematográfica, passa por compreender os contextos em que o realizador se move, a visão que ele tem da mesma enquanto sujeito resultando num testemunho histórico (o produto cinematográfico).
A cidade é, desde os gregos, um espaço privilegiado, de interacções, de vivências, de “ateliers de histórias” dos protagonistas mais naturalistas que são os seus habitantes. Não admira, portanto, que obras que reflectem as dinâmicas das cidades (urbes) tenham merecido especial atenção de agentes diversos que quiseram testemunhar formas específicas de encarar a ordem social dominante.
Ao fazer um filme sobre uma cidade, ou se quiseremos, um espaço urbano, o realizador está a dar o seu olhar sobre as interacções que acontecem nesses mesmos espaços. O objecto de eleição de um realizador são as histórias, pois é através delas que ele consegue transmitir algo. E as histórias são vividas por personagens. Ao contar a história de um personagem, o realizador convida-nos a olhar para essa realidade através do olhar desse personagem. E eis que, assim, se desenvolve um processo mágico.
Um realizador, ao invés de nos fornecer um testemunho factual, faz do espectador parte activa do mesmo processo, convidando-o a fazer parte do espaço, do tempo, das experiências dos personagens que retrata. O espectador deixa de ser, então, um espectador passivo e, através do contágio das emoções e experiências dos personagens da história, torna-se participante activo: participante activo porque, por um processo de identificação, vive, experiencia, e “está” no espaço da história, identificando-se com o personagem. Assim, juntos, personagem e espectador, vivem experiências, vivem a cidade e identificam-se nas respostas (quer pelas emoções quer através dos comportamentos) que dão às solicitudes da sociedade que o realizador retrata.
Esta identificação do espectador com o actor despertou o meu interesse para o espaço dramático, olhando para ele como se fosse uma personagem e aprendendo a reconhecê-lo como uma das personagens principais. O filme que escolhi ver com outro olhar como fonte de inspiração para esta minha reflexão cinematográfica – “Lost in Translation/ O Amor é um Lugar Estranho”, de Sofia Coppola (2003). Vencedor de um Óscar da Academia de Hollywood (2004), na categoria de Melhor Argumento Original, “Lost in Translation” é o segundo filme de Sofia, filha do famoso Francis Ford Coppola. Trata-se da história de duas pessoas que não se conhecem e que ao viverem um certo culture – shock devido às suas passagens pela cidade de Tóquio, Japão, acabam por se cruzar e daí nascerá uma forte ligação de amizade e de cumplicidade entre eles. No seguimento do olhar destes dois personagens de Sofia Coppola somos levados a conhecer e a sentir a sensação de estar numa das maiores metrópoles do mundo. Em minha opinião, este filme torna-se num real roteiro turístico de Tóquio, representando bem o conceito de cidade através de uma perspectiva cinematográfica.
Sendo o cinema um reflexo da sociedade em geral, e da cidade, em particular, como foi referido anteriormente, um filme, em última análise, não se limita a contar histórias. Um filme faz história nos espaços. Com a chegada da cidade moderna, surgem mudanças substanciais. E o cinema, que tem como principal objecto de análise a realidade, (re)apresenta-a, com todas as transformações a ela inerentes.
A cidade e o cinema são, portanto, dois documentos históricos (sendo um elemento do outro), tornando-se indissociáveis na sua historicidade.
A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra durante a primeira metade do século XVIII, foi um dos passos marcantes para o desenvolvimento económico, político e social do mundo em geral, e para o crescimento das cidades, em particular. A partir de invenções como a máquina de vapor, as sociedades inauguram a experiência de um novo paradigma vivencial, que pode ser denominado como uma forma modernista de viver. No domínio do cinema, a entrada desse paradigma modernista, tem nos cineastas Lumière e Méliès dois dos vultos mais marcantes que influenciaram a forma como a arte do cinema dá os seus contributos para esse paradigma sócio-económico mais vasto. As suas influências tornam-se indeléveis.
Desde então, cada realizador, enquanto participante activo nesta nova ordem mundial, reflecte na tela a sua realidade, a sua visão do mundo, que não é mais do que a sua visão pessoal (incluindo as suas emoções, sentimentos e ideologias) acerca do que se está a passar no mundo. Esta forma de arte, a que se chama cinema, não é, afinal, outra coisa, senão um testemunho histórico, vivencial e artístico, é certo, mas ainda assim, testemunho das transformações a que vai assistindo ao seu redor e que constitui o objecto primordial do seu trabalho, da sua arte: as obras cinematográficas.
Um filme é, então, para além do entretenimento, um testemunho histórico (a que se poderá chamar documento vivencial) da realidade que vive (o realizador enquanto actor) e que transforma em arte (a obra cinematográfica). De certa forma, então, compreender uma obra cinematográfica, passa por compreender os contextos em que o realizador se move, a visão que ele tem da mesma enquanto sujeito resultando num testemunho histórico (o produto cinematográfico).
A cidade é, desde os gregos, um espaço privilegiado, de interacções, de vivências, de “ateliers de histórias” dos protagonistas mais naturalistas que são os seus habitantes. Não admira, portanto, que obras que reflectem as dinâmicas das cidades (urbes) tenham merecido especial atenção de agentes diversos que quiseram testemunhar formas específicas de encarar a ordem social dominante.
Ao fazer um filme sobre uma cidade, ou se quiseremos, um espaço urbano, o realizador está a dar o seu olhar sobre as interacções que acontecem nesses mesmos espaços. O objecto de eleição de um realizador são as histórias, pois é através delas que ele consegue transmitir algo. E as histórias são vividas por personagens. Ao contar a história de um personagem, o realizador convida-nos a olhar para essa realidade através do olhar desse personagem. E eis que, assim, se desenvolve um processo mágico.
Um realizador, ao invés de nos fornecer um testemunho factual, faz do espectador parte activa do mesmo processo, convidando-o a fazer parte do espaço, do tempo, das experiências dos personagens que retrata. O espectador deixa de ser, então, um espectador passivo e, através do contágio das emoções e experiências dos personagens da história, torna-se participante activo: participante activo porque, por um processo de identificação, vive, experiencia, e “está” no espaço da história, identificando-se com o personagem. Assim, juntos, personagem e espectador, vivem experiências, vivem a cidade e identificam-se nas respostas (quer pelas emoções quer através dos comportamentos) que dão às solicitudes da sociedade que o realizador retrata.
Esta identificação do espectador com o actor despertou o meu interesse para o espaço dramático, olhando para ele como se fosse uma personagem e aprendendo a reconhecê-lo como uma das personagens principais. O filme que escolhi ver com outro olhar como fonte de inspiração para esta minha reflexão cinematográfica – “Lost in Translation/ O Amor é um Lugar Estranho”, de Sofia Coppola (2003). Vencedor de um Óscar da Academia de Hollywood (2004), na categoria de Melhor Argumento Original, “Lost in Translation” é o segundo filme de Sofia, filha do famoso Francis Ford Coppola. Trata-se da história de duas pessoas que não se conhecem e que ao viverem um certo culture – shock devido às suas passagens pela cidade de Tóquio, Japão, acabam por se cruzar e daí nascerá uma forte ligação de amizade e de cumplicidade entre eles. No seguimento do olhar destes dois personagens de Sofia Coppola somos levados a conhecer e a sentir a sensação de estar numa das maiores metrópoles do mundo. Em minha opinião, este filme torna-se num real roteiro turístico de Tóquio, representando bem o conceito de cidade através de uma perspectiva cinematográfica.
Sendo o cinema um reflexo da sociedade em geral, e da cidade, em particular, como foi referido anteriormente, um filme, em última análise, não se limita a contar histórias. Um filme faz história nos espaços. Com a chegada da cidade moderna, surgem mudanças substanciais. E o cinema, que tem como principal objecto de análise a realidade, (re)apresenta-a, com todas as transformações a ela inerentes.
A cidade e o cinema são, portanto, dois documentos históricos (sendo um elemento do outro), tornando-se indissociáveis na sua historicidade.
2 comments:
Eu olhei Valencia.. atraves de ti* E ainda oj, continua a ser, inquestionavelmnte, dos episódios mais marcantes da minha história: historia, q graças a ti nao voltou a ser a mesma. pintaste-a rosa, como o teu lindu blog, e fizeste m descobrir cores q eu desconhecia...
nota 20 para o teu trabalho, e para a nossa ligaçao frterna... " pAra A viDA"*********
kiSs_KeiD*
Tenho tanto orgulho em ti meu maninho querido...
Um beijo
Teenieeeee
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