"Beulah told me I'd find you in here," Dad says, opening the door just wide enough to stick his head into Boo's old room. He finds me standing on a ladder, holding the book he authored in one hand and, with the other, painting stars on the ceiling.
"It's supposed to be a surprise," I complain to the dog, playfully throwing the brush at her.
"Beulah hates surprises," Dad says, as the dog opens the door and leads the way in.
She's only seven years old. Boo would have been seventeen.
"What do you think?" I ask.
"It sure makes the room seem bigger," Dad says.
"I hope so." I say.
We still live in the same house Boo and I grew up in, where we shared a room until I moved out to the couch in the living room. The house was always too small but now, with just the two of us living here, the walls seem to swell.
"Come down and let me see what you've done."
I'm home from college for the spring semester. The last thing I wanted was to come back to Phoenix and my father. If anyone asks I say it is a very brief visit, just to clear out Boo's room.
Elizabeth Mosier, Insomnia
Eu e o meu pai temos agora o hábito de falar por intermédio dos outros: primeiro a mãe, depois o Boo, agora o Beulah.
“Beulah disse me que te encontraria aqui dentro,” diz o pai, abrindo a porta o suficiente para espreitar dentro do velho quarto de Boo. Ele encontra-me em cima do escadote, segurando o livro que ele escreveu numa mão e, com a outra, pintando estrelas no tecto.
“É suposto ser uma surpresa,” Resmungo eu com a cadela, atirando-lhe com a escova na brincadeira.
“Beulah detesta surpresas,” diz o pai, enquanto a cadela abre a porta e conduz o caminho para dentro.
Ela tem apenas sete anos de idade. Boo teria dezassete.
“O que pensas?” Perguntei eu.
“De certeza que faz o quarto parecer maior,” diz o pai.
“Eu espero que sim,” disse eu.
Nós ainda vivemos na mesma casa onde eu e o Boo crescemos, onde partilhávamos um quarto até eu ter mudado para o sofá da sala de estar. A casa foi sempre muito pequena mas agora, só com nós os dois a viver aqui, as paredes parecem ter crescido.
“Desce para baixo e deixa-me ver o que fizeste.”
Estou em casa durante o segundo semestre do colégio. A última coisa que eu queria era voltar para Phoenix e para o meu pai. Se alguém perguntar, eu digo que é uma visita muito breve, só para tirar as coisas do quarto do Boo.
“Beulah disse me que te encontraria aqui dentro,” diz o pai, abrindo a porta o suficiente para espreitar dentro do velho quarto de Boo. Ele encontra-me em cima do escadote, segurando o livro que ele escreveu numa mão e, com a outra, pintando estrelas no tecto.
“É suposto ser uma surpresa,” Resmungo eu com a cadela, atirando-lhe com a escova na brincadeira.
“Beulah detesta surpresas,” diz o pai, enquanto a cadela abre a porta e conduz o caminho para dentro.
Ela tem apenas sete anos de idade. Boo teria dezassete.
“O que pensas?” Perguntei eu.
“De certeza que faz o quarto parecer maior,” diz o pai.
“Eu espero que sim,” disse eu.
Nós ainda vivemos na mesma casa onde eu e o Boo crescemos, onde partilhávamos um quarto até eu ter mudado para o sofá da sala de estar. A casa foi sempre muito pequena mas agora, só com nós os dois a viver aqui, as paredes parecem ter crescido.
“Desce para baixo e deixa-me ver o que fizeste.”
Estou em casa durante o segundo semestre do colégio. A última coisa que eu queria era voltar para Phoenix e para o meu pai. Se alguém perguntar, eu digo que é uma visita muito breve, só para tirar as coisas do quarto do Boo.
Jorge Correia Orfão